Em muitas entrevistas no Brasil, me disseram que eu estou over qualified. Tenho qualificações demais. Trabalhei em algumas produtoras no Brasil, mas eu não fiquei satisfeito. Eles acolhem o refugiado mas não confiam na qualificação do refugiado. Na minha companhia na Síria eu trabalhava com uma tecnologia que ainda não existe no Brasil, mas aqui eles não confiam, não me dão tarefas realmente compatíveis. (...)
(Síria, homem, cinegrafista)
Porque Brasil é melhor, depois da guerra da Síria fui pra Jordânia. Lá todos têm medo de refugiados sírios, não empregam porque o governo pode até fechar a empresa deles. Parte da família continua na Jordânia e Egito.”
(Síria, homem, ensino de línguas)
O governo brasileiro recebeu os refugiados, mas se você quiser alugar uma casa, se quiser abrir conta em banco, tudo depende da sua situação econômica.
(Síria, mulher, música)
Eu acho que foi pelo acolhimento do povo brasileiro que hoje estou morando em SP...tem tanta gente que me acolheu sem me conhecer...até as pessoas da rua, os vizinhos que me viam passando...que me deram alguma coisa para eu fazer, para eu consegui um pouquinho de dinheiro para ajudar... me ajudaram a conseguir emprego de carteira assinada. Por exemplo, há três anos recebo uma cesta básica todo mês de uma pessoa que nem conhecia, imagina? (através da ONG IKMR). Como eu não vou agradecer?! Pessoalmente eu sou muito agradecida ao povo brasileiro.
(Congo, mulher, gastronomia).
Você chega no [sic] Brasil, tem que procurar a comunidade congolesa, africana primeiramente. A questão do refúgio no Brasil é nova, aqui você tem que se virar, não tem planos que facilitem a integração. (...) Não posso subestimar o potencial que o Brasil tem, é signatário da convenção, mas não tem um planejamento (...). Aqui no Brasil estou feliz, estou fora das ameaças, encontrei alguns brasileiros de bom coração que entendem que os que vieram não queriam vir e isso também poderia acontecer com eles... Eles que ajudam. Mas para o imigrante, especialmente africano, se adaptar não é fácil. 55% de quem entrou não fica. (...) O brasileiro tem os seus problemas, a gente sabe, o tempo que estou aqui a gente entende. A gente consegue se virar, mas pelo menos o brasileiro tem o colchão social, é o país deles, eles sabem aonde procurar as coisas. Para o imigrante ele não sabe nada. Não sabe a língua, o que pode fazer para sobreviver, na casa de migrante é só três meses e se não conseguir emprego será expulso, por isso muitas pessoas não conseguem ficar.
(Congo, homem, línguas)
Eu no começo não acreditei, se o mundo inteiro é fechado por que no Brasil seria aberto? Estou aqui há três anos... e estou bem! A gente está vivendo dia por dia, mês por mês... não tem alguma coisa tranquila para aguentar um ano. Então tem que ir atrás.
(Síria, homem, moda e perfumes).
Trabalhar com refugiado tem que ter regras, oferecer os direitos porque se refugiados começam pedir os direitos eles mandam embora, sem direitos, sem pagar taxas. "
(Sírio, ensino de línguas).